Notícia

  • 25 maio 2020
  • Agricultura
Produção de milho no sudoeste terá quebra de 26%; feijão 40%

As perdas na colheita do feijão e milho da safrinha – segunda safra, de janeiro a junho – vão ser significativas na região de Francisco Beltrão - Dois Vizinhos. Nesta semana, um relatório do Departamento de Economia Rural (Deral), no Núcleo Regional da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) de Francisco Beltrão-Dois Vizinhos aponta que devido à estiagem e as geadas, a quebra já chega a 40% no feijão e 26% no milho.

 

 

As perdas podem ser ainda maiores se ocorrerem geadas hoje, amanhã e segunda-feira. Foram plantados 25 mil hectares de feijão na microrregião. Destes, em torno de 57% já foram colhidos. A produtividade média é de 1.200 quilos por hectare – equivalente a 50 sacas por alqueire/média. “Mas a gente sabe que tem lavouras com produtividade inferior e também superior, chegando próximo de 70 sacas por alqueire”, ressalta.

 

 

O último relatório do Deral-Seab sobre safrinha aponta que 43% das lavouras de feijão estão na fase de frutificação e maturação e a expectativa de produtividade para estas áreas é de produtividade ainda mais baixa, de 1.100 quilos por hectare.

 

 

Antoninho comenta que “a nossa expectativa era colher dois mil quilos por hectare, o que nos daria uma produção de 50 mil toneladas. Hoje, essa quebra, no geral, chega a 40%. Nós temos uma redução praticamente de 20,5 mil toneladas de feijão nossa região”. Deixarão de ser colhidas 341 mil sacas de feijão.

 

 

O técnico acrescenta que “transformando isso em reais, só no feijão, nós vamos perder em produtividade e produção, em torno de R$ 102 milhões nos 27 municípios”. Outro problema é que devido à estiagem, os produtores estão colhendo grãos miúdos. O empresário Roberto Dettoni, de Ampere, que compra e vende feijão, também diz que a quebra chega na faixa de 40%. Dettoni relata que o produto que vem sendo colhido é de boa qualidade, mas os grãos são miúdos.

 

Milho Safrinha

A área de plantio de milho safrinha na microrregião foi de 84.500 hectares. A expectativa era de produção de 456 mil toneladas. Em torno de 5% das lavouras já foram colhidas e com produtividade praticamente normal, em torno de cinco mil quilos por hectares. “De uma forma geral, destes 84.500 hectares, nós esperamos colher estas 456 mil toneladas, mas com a situação da estiagem e das geadas que ocorreram no decorrer do cultivo, hoje 95% das lavouras, ou seja, 80 mil hectares estão a campo ainda, e nesses com uma quebra considerável. É claro que temos muitas lavouras com expectativa de produtividade normal, mas a grande maioria já apresenta uma quebra”, diz Antoninho.

 

 

O relatório prevê uma quebra de 26% na produção do milho, de maneira geral, o equivalente a 122 mil toneladas. Mas tem lavouras que terão quebra ainda maiores e outras que não irão apresentar redução de produtividade. “Das 456 mil toneladas que nós esperávamos colher, nós estamos esperando 342 mil toneladas. Então é uma redução acentuada, se transformarmos [essa quebra em dinheiro] e isso daria 2.137.000 sacas de milho que deverão deixar de ser colhidas nos nossos municípios”, aponta Antoninho.

 

 

Neste final de semana há previsão de novas geadas, o que pode comprometer ainda mais as lavouras de milho que estão em frutificação. Se ocorrer a formação de geadas nesta fase, as perdas serão agravadas.

 

A perda na produção já representa, aproximadamente, 2,1 milhões de sacas a menos e um valor aproximado de R$ 85 milhões que deixarão de movimentar a economia regional. “Se nós somarmos estas duas culturas [feijão e milho] praticamente são R$ 190 milhões em relação à estiagem que ocorreu nos 27 municípios”, constata o técnico do Deral/Seab.

 

Serão feitas novas avaliações no próximo mês, com a intensificação da colheita.

 

Região de Pato Branco

 

Feijão tem quebra de mais de 40%; milho deve ter quebra de 15%

 JdeB - O técnico Ivano Carniel, do Deral-Seab, Núcleo de Pato Branco, também prevê perdas consideráveis na produção da segunda safra de milho e feijão. “Para as culturas que estão implantadas, como o feijão e milho de segunda safra, pela condição de período seco que estas culturas enfrentaram, elas não têm mais capacidade e condições de recuperação do seu potencial produtivo. Porém, o fato alentador é que estas culturas não continuarão acumulando mais prejuízos. Claro, se houver novas geadas, aí haverá mais perdas”.

 

 

 

Na cultura do feijão já foram colhidos 50% da área e se observa uma perda de potencial produtivo destas lavouras em torno de 40% a 50%. Na região de Pato Branco foram plantados 50 mil hectares e a produção inicial esperada era de 90 mil a 110 mil toneladas.

 

 

Mas o Deral agora estima que a produção deve chegar a 70 mil toneladas, uma perda média de 30%. Ivano Carniel ressalta que o preço médio da saca de 60 quilos R$ 200 a R$ 220 e o carioca na faixa de R$ 300 a R$ 320 pode compensar um pouco as perdas.

 

 

15% de perdas no milho

Na cultura do milho, que enfrentou o período de estiagem nos meses de março e abril, também haverá uma redução acentuada de produtividade. Foram plantados 70 mil hectares e a produção esperada era de 427 a 476 mil toneladas. Devido aos problemas climáticos, a produção deve chegar de 330 mil a 350 mil toneladas, redução de 15% a 20%. Até o fim do mês começa a colheita das lavouras.

Em relação à produtividade inicialmente prevista pelo Deral, Ivano observa que “existem muitas lavouras com uma capacidade produtiva maior que a produtividade inicialmente do Deral. Aí, as perdas podem se acentuar. Pode denotar que o percentual pode ser maior que estes 15 por cento previstos”.

 

 

Por causa desta quebra, muitos produtores devem solicitar às instituições de crédito o seguro agrícola para cobrir parte dos prejuízos. Mas o técnico do Deral/Seab afirma que se os produtores “colherem na faixa de 120 sacas por alqueire, já deve cobrir os custos com os financiamentos”.

 

 

Não estão incluídos nos valores da quebra de safra os custos de implantação das lavouras. A saca está com ótimo valor ao produtor, na faixa de R$ 42,50, no Paraná.


Fonte: Flávio Pedron / Jornal de Beltrão
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