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  • 27 julho 2020
  • Sudoeste
Sudoeste tem mais de 24 mil acordos de suspensão de contrato de trabalho e redução salarial

Quase 20 mil trabalhadores da região Sudoeste do Paraná tiveram os contratos de trabalho suspensos ou os salários e as jornadas reduzidas temporariamente em acordos firmados com os empregadores, segundo dados do Ministério da Economia levantados pelo Jornal de Beltrão. Eles estão dentro do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, prorrogado no início de julho e criado para a manutenção de empregos enquanto durar a pandemia do novo coronavírus.

 

 

Segundo os dados, 3.653 empregadores da região fizeram acordos com os seus funcionários, de abril até o dia 21 de julho – última atualização do sistema do Ministério. Em abril, o programa estava dentro de uma Medida Provisória, convertida na Lei 14.020, em 6 de julho deste ano.

 

 

No total, no período, foram 24.320 acordos com 19.736 trabalhadores. Segundo a assessoria de Comunicação da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, subordinada ao Ministério da Economia, o número de acordos é diferente e maior do que o total de trabalhadores porque um mesmo trabalhador pode fazer mais de um acordo, tanto por ter mais de um emprego e negociar com ambos ou por fazer mais de um acordo com um mesmo empregador. A Pasta não informou quantos acordos foram renovados após a prorrogação do benefício.

 

 

Dentro das modalidades, o Sudoeste teve 10.049 trabalhadores com os trabalhos suspensos; 4.229 com redução de 25% da jornada e dos salários; 5.097, com redução de 50%; e 4.746 com redução de 70%.

 

 

Só em Francisco Beltrão foram 4.631 acordos com 3.675 trabalhadores, sendo a maioria, 1,8 mil deles, por suspensão. Analisados por tipo de atividade econômica, os dados apontam que o setor de Serviço foi o que mais aderiu à medida, com 1.999 acordos, seguido pela Indústria, com 1.394 acordos, Comércio, com 1.131, Construção, 97, e Agro, com apenas dez acordos. A maioria deles, 54,36%, são acordos com funcionárias mulheres.

 

Prorrogação não aderida

Quando instituído, no início de abril, a medida valia até o final de junho, mas após a conversão em Lei, no início de julho, é que o programa pode ser prorrogado nas empresas. Apesar disso, representantes de alguns setores disseram não necessitarem mais da medida.

 

 

Diretor da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e diretor administrativo-financeiro da Marel, Edgar Behne, disse que foram feitos acordos com os 250 funcionários da empresa em abril para corte de 25% da jornada. Passados os primeiros 60 dias da medida, ela não precisou ser renovada. “Aderimos ao programa de redução de jornada e salários, o que garantiu que não fizéssemos demissões, pois nossas vendas reduziram desde o mês de março. Mas as vendas começam a reagir se aproximando da normalidade. Mesmo as vendas ainda não estando totalmente recuperadas, decidimos por não continuar com a redução pois acreditamos na recuperação da economia brasileira”, defendeu Behne, que calculou redução de 25% a 30% no faturamento no início da pandemia e uma retomada tímida a partir de meados de junho.

 

 

Outro setor que conseguiu uma estabilidade média foi o alimentício. Sócio da Rede Center de Supermercados e um dos diretores da Associação Paranaense de Supermercados (Apras), Vinicius Lachman disse que nem no início da medida, em abril, ela foi aderida pela empresa. O que houve foi apenas o afastamento das pessoas do grupo de risco ou o adiantamento das férias, para alguns funcionários. Lachman diz ainda que há um certo “privilégio” nesse setor, uma vez que foi considerado serviço essencial e não precisou fechar as portas como medida de segurança contra a propagação do novo coronavírus.

 

 

O mesmo ocorreu nos supermercados associados da Rede Forte, segundo o diretor executivo, Denilso Baldo, onde os mais de dois mil empregos não foram afetados.

 

 

Bem diferente e passando quase que imune à pandemia, o Agro, que teve apenas dez acordos entre empregadores e trabalhadores pelo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, segue em franca recuperação. “O programa foi muito importante nos meses de abril e maio. Muitas empresas utilizaram o mesmo porque foi um período muito delicado para o setor leiteiro na região. Agora, junho e julho, a atividade leiteira foi se readequando com os novos meios de comercialização e vias de escoamento de produção.

 

Praticamente voltou a 98% da produção normal e não se tem mais empresa de laticínios usando o programa”, destacou o diretor da Latco e representante do Sindileite-PR, Valdomiro Leite. Outros setores que conseguiram se manter ativos devido à medida, mas que ainda não se estabilizaram, foram o comércio, segundo o presidente do Sindilojas de Francisco Beltrão, Vilmar Bottin, e o metalúrgico, de acordo com o presidente do Sindimetal, Olcimar Tramontini, que disse que 80% das empresas da região aderiram ao programa, cobrindo quatro mil trabalhadores do setor.

 

Recuperação lenta

Na outra ponta, porém, há setores que ainda não conseguem comemorar e que precisam do programa. É o caso das confecções, que na região, em 2019, havia terminado o ano com saldo positivo após se recuperar de uma quebra em 2018. Este ano, para o setor, era visto como promessa, até à chegada da pandemia.

 

Segundo a secretária executiva do Sindicato das Industrias do Vestuário do Sudoeste do Paraná (Sinvespar), Solange Stein, o ano já teve cerca de 700 demissões e quase 2,5 mil pessoas com o trabalho assegurado devido à suspensão, garantida no programa do governo federal. Ela vê com bons olhos a medida, mas não esconde o medo de que, caso o programa termine, as empresas não consigam cumprir os acordos, devido às baixas vendas. “É uma insegurança para a indústria. Por que como vamos dar garantia sem ter produção?”, lamenta, acreditando que em agosto e a chegada do Dia dos Pais consiga reverter o saldo negativo no setor.

 


Fonte: Jornal de Beltrão
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